quinta-feira, 16 de junho de 2011

VISITA DE ANTÔNIO SILVINO AO SÍTIO PINTURAS CONTADA POR QUEM A PRESENCIOU

Sítio Pinturas e a Visita de Antônio Silvino

O Sítio Pinturas fica a 22 Km da cidade de Carnaúba dos Dantas – RN, no lado norte da estrada que vai de Carnaúba a Picuí – PB, limitando-se ao norte com o Sítio Clemência Frei Martinho, na nascente com o Sítio Boi-a-vaca, ao sul com a Serra do Forte e ao poente com o Sítio Barra Nova. Parte do Sítio Fica no estado do RN e outra parte já no estado da PB.
O Sítio ganhou esse nome devido a pinturas rupestre feitas nas pedras de uma cachoeira que lá existe, pinturas essas que provavelmente foram feitas pelos mais antigos moradores da região, os índios.
Os primeiros habitantes do Sítio foram Manoel Joaquim Dantas e sua sua esposa Josefa Rosalina do Espirito Santo, que posteriormente tiveram 9 filhos, sendo 5 homens e 4 mulheres. Filhos:
· Manoel Clementino Dantas, casado com Ana Azevêdo Soares;
· Pedro Joaquim Dantas, casado com Águeda Eulália Dantas;
· José Lourenço Dantas, casado com Paulina Angelina Dantas;
· João Batista Dantas, casado com Anunciada Dantas;
· Joaquim Antônio Dantas, casado com Luiza Dantas;
· Ana Dantas, casada com André Avelino;
· Maria Artulina Dantas, casado com José Antônio Dantas;
· Josefa Dantas, casado com o mesmo José Antônio o qual era viúvo;
· Maria Teodora, solteira, falecida aos 15 anos no Sítio Telha, município de Barra de Santa Rosa.
Manoel Joaquim Dantas era agropecuarista, tirava o sustento de sua família da agricultura e do algodão, onde em sua fazenda existia um maquinário de descaroçar o algodão, conhecido na época por Bulandeira que era movido a boi. O maquinário descaroçava o algodão, do qual a lã era vendida em Recife – PE, a qual era carregada nas costas de animais, e o caroço virava comida para o gado.
O seu homem de confiança era o seu genro José Antônio Dantas, que residia no Sítio Caboré, onde hoje é o município de Frei Martinho – PB, ele também tinha uma máquina de descaroçar algodão sendo que essa era movida a lenha. Em 1901, Manoel Joaquim construiu o primeiro açude daquela região, contruído com terra puxada a boi em couro de gado, o qual ficou conhecido como Açude Fundo, o açude transbordou pela primeira vez em 1913, tanto demora é explicada devido o riacho que desaguava nele ser de pouca água e além ter uma profundidade grande.
Em 1905, Manoel mandou construir uma barragem acima da Cachoeira Pinturas que hoje tem uma queda d’agua de 25 metros de altura, e quem a fez foi o pedreiro Manoel Azevedo Dantas. Já em 1913, Manoel Joaquim recebeu a ilustre visita em sua fazenda do Cangaceiro Antônio Silvino e mais 8 capangas, pra quem não conhece esse cangaceiro falarei um pouco sobre ele no final, o cangaceiro pernoitou no Sítio Quinturaré na sexta-feira e no sabado veio a fazenda de Manoel. Quando chegou encontrou apenas a sua esposa, então perguntou onde o dono da casa estava, e a mulher do fazendeiro respondeu que o mesmo estava em Picuí. O Cangaceiro então disse: “Manda chamar que eu preciso falar com ele e diga a ele que traga umas bebidas para nós!”.
Quando Manoel chegou, Antônio Silvino falou logo que queria quinhentos mil réis, o fazendeiro então respondeu: “Coronel, eu não tenho esse dinheiro, por que sou um comerciante, o dinheiro que tinha impreguei todo hoje, o que me resta é duzentos e cinquenta mil réis”. O cangaceiro respondeu que ele tomasse dinheiro emprestado aos amigos, mas não foi preciso os filhos do casal se prontificaram a arranjar o dinheiro que faltava. Quando Manoel Joaquim conseguiu o dinheiro entregou a Antonio Silvino, e ele disse: “Como você tem boa vontade de me dar o dinheiro, eu só quero os duzentos e cinquenta, só não vou sair satisfeito de sua fazenda”. O comerciante perguntou: “Então o senhor não vai sair satisfeito da minha fazenda por que?”. Ele respondeu: “Porque sua esposa não me agradou em nada”. Dona Josefa disse: “O senhor, desde quando chegou que é maltratando eu com toda a família.” Nessa hora o cangaceiro partiu pra cima do velho Manoel e pegou os outros duzentos e cinquenta mil réis que tinha dito que não queria e disse para a velha: “Na próxima vez que eu vier aqui vou fazer essa cascavel subir em um cardeiro de pé descalços.” A velha respondeu: “Pode fazer e pode não fazer”. O senhor do cangaço falou gritando para seus capangas: “Vamos embora. Disparem as armas no pátio!”. Eles dispararam onde havia um rebanho de carneiros, porém não mataram nenhum e foram embora. O velho disse para a esposa: “Se eles têm matado meus carneiros você era a culpada!”.
Em 1915, houve uma grande seca no Nordeste e seu Manoel arrendou um cercado com pastagem no Curimataú paraibano no Sítio Telha, município de Barra de Santa Rosa fez a retirada com seu gado e teve um grande prejuízo. Seus filhos Pedro Joaquim e Maria Teodora que faleceu aos 15 anos, foram quem tomaram conta do gado. Esta retirada era com trezentas rezes, mas o gado adoeceu de febre Aftosa, que nessa época era conhecida como “baba”, e morreram duzentas rezes.
Em 1916, O Senhor Manoel Joaquim faleceu e Pedro Joaquim foi quem ficou administrando todos os seus movimentos. Em 1939, falece dona Josefa Rosalina. Até hoje o Sítio Pinturas continua sendo de seus descendentes, netos, bisnetos e trinetos.
Essa história foi contada por Pedro Joaquim a seu genro Clodival Dantas, se houver alguma falha na história é devido a sua idade que já era bastante avançada.

Escrita por Clodival Dantas
E Adaptada por Rafaela Dantas


Nesse site vocês encontraram um pouco sobre a vida do Cangaceiro Antônio Silvino, o famoso “Rifle de Ouro” http://pt.wikipedia.org/wiki/Antônio_Silvino

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