terça-feira, 28 de junho de 2011

O desenvolvimento do cinema enquanto revolução tecnológica

     Nesses 110 anos de história, o cinema ainda está na lista das maiores invenções da humanidade, não só porque revolucionou os meios de comunicação, mas também porque ajudou na criação de uma nova divisão de trabalho, no surgimento de novas pesquisas científicas, na nova opção das pessoas se relacionarem com o mundo e também na formação de várias empresas que lucraram com essa invenção.

     A primeira revolução cinematográfica começou no dia 28 de dezembro de 1895 na França, data da primeira sessão de cinema no mundo, foi promovida pelos irmãos Lumière, que causou as seguintes consequências: surgimento de uma nova divisão do trabalho, aparecimento de novos empregos (cinegrafista, produtor, diretor, roteirista, assistente do diretor...), os atores ganharam uma nova área para trabalhar além do teatro, cidades que se desenvolveram por causa da produção de filmes como Nova York, entre outras causas. Aproximando-se da primeira revolução industrial que causou surgimento de novos empregos (maquinistas, terciários, siderúrgico...), enriquecimento das cidades que ficavam as fábricas e nova organização de trabalho. Outra coisa que a Revolução Industrial e o cinema tiveram em comum foi a livre concorrência, porque todos podiam fazer filme desde que você soubera mexer nos equipamentos necessários.

    Porém, à medida que as produtoras cresciam, estavam se construindo monopólios, cartéis e trustes para acabar com a concorrência. Podemos comparar o que estava acontecendo com dois peixes de diferentes tamanhos, o maior peixe comia o pequeno para poder sobreviver. Isso aconteceu de forma semelhante no período da Segunda Revolução Industrial que também sofria da mesma situação: a morte da livre concorrência.

    O primeiro monopólio cinematográfico foi criado por Thomas Edison, famoso por ser o inventor da lâmpada. Ele criou um truste (união de empresas do mesmo ramo) em associação com George Eastman (criador da Kodak). Devido ao truste, as pessoas eram obrigadas a pagar os direitos autorais a essa associação para poder produzir um filme, dando prejuízos aos produtores vindos de Chicago, Nova Jersey e Nova York.

     Mas, um grupo de judeus recém-chegados a Terra do Tio Sam, resolveram se instalar na Califórnia, local onde os fiscais do truste não alcançavam. A partir disso, começaram a produzir filmes em um determinado local que futuramente iria se chamar de Hollywood. E eis que surge a prosperidade da pequena cidade da Califórnia no ramo da 7ª arte. Foi em Hollywood que surgiram as primeiras multinacionais relacionadas ao cinema como a Paramount Pictures e a Columbia Pictures.

    Porém, tais multinacionais focam mais na quantidade de bilheterias ao produzir os filmes de acordo como o público gostaria, sendo eleitos como os filmes da “grande massa”. Com uma fórmula diferente, os filmes de baixo orçamento provocam um estilo alternativo de produzir cinema possuindo uma maior visão do diretor presente nos filmes, aprofundando mais no quesito de criação do final das devidas histórias, por exemplo.

   Isto não quer dizer que os chamados filmes alternativos ou atualmente denominados de “cults” possuem uma melhor qualidade cinematográfica ao comparar com os filmes hollywoodianos. Sem os filmes lucrosos com seus tradicionais finais felizes, o cinema não poderia obter tanto sucesso até os dias de hoje. Além disso, o pré-julgamento das pessoas aos filmes de Hollywood por achar tais filmes superestimados pela massa popular nem sempre tem a ver com sua capacidade qualitativa destes.

   Em relação à origem do cinema, existem duas teorias sobre a sua invenção, uma teoria afirma que os inventores foram os irmãos Lumière e a outra afirma que foi o americano Thomas Edison. Posteriormente, várias pessoas ajudaram no seu desenvolvimento, entre elas: Louis Le Prince (um dos primeiros a lançar curtas metragens), Eadweard Muybridge que criou um método para fotografar de maneira veloz a fim de reconstituir as imagens fotografadas em pequenos filmes, Émile Reynaud (criador de alguns instrumentos ópticos) e Étienne Marey (criador da filmadora).

  Em 1893, Edison cria um aparelho chamado Kinetógrafo (ou cinescópio) em que ele colocava uma sequência de imagens dentro de uma caixa que tinha duas aberturas: uma para que fosse colocada a moeda para poder rodar as imagens e outra para colocar o olho da pessoa para ver o filme que tinha a duração de alguns segundos. Já os irmãos Lumière, com o seu jeito desportista e desbravador, tiveram a ideia de passar as imagens através de uma tela gigante dentro de uma sala fechada e escura.

  Durante o pós-guerra inicia-se a terceira revolução cinematográfica. O surgimento de câmeras portáteis, gravadores e outros equipamentos que ajudaram a descentralização do cinema e permitiram o avanço do cinema na França e na Itália. Nas décadas seguintes surgiram novas tecnologias como o computador e câmeras digitais (produtos que foram resultados da Terceira Revolução Industrial) que juntamente com a globalização facilitaram a produção de filmes. Agora, as pessoas podem produzir curtas com equipamentos baratos e colocarem no computador, principalmente na Internet, através do You Tube, no qual poderíamos afirmar que são os “netos” do cinescópio de Edison e seu truste.

   Concluímos que a Revolução Industrial pode ser comparada com a história do cinema por serem contemporâneas e interdependentes, por exemplo, se não fosse a invenção de equipamentos vindos da indústria como a câmera, não existiria o filme.

   Mas, ao mesmo tempo, há novas tecnologias que precisam de muito dinheiro para os filmes poder ter uma melhor qualidade. As maiores produções cinematográficas continuam sendo em Hollywood. Entretanto, ao mesmo tempo em que o cinema surge mudando a vida das pessoas, alguns problemas ainda persistem como equipamentos caros e falta de democratização na produção de filmes.

   Ensaio baseado no artigo “Politizando a tecnologia e a feitura do cinema” de Giba Assis Brasil. Feitos pelos alunos de Comunicação Social da UFRN: Anna Ester Leite, Daniel Porpino, Gabriela Serejo, Lara Paiva, Mariana Fonseca, Pedro Andrade, Pedro Vale e Yuli Barros para a matéria de Cultura Brasileira lecionada pela professora Maria das Graças Pinto Coelho.

Um comentário:

  1. Olá Tod@s! Na historiografia do cinema, além dos aspectos técnicos, podemos compreender a mediatização desse dispositivo. Ou seja: o processo de articulação do funcionamento das instituições sociais com os meios de comunicação. O cinema é um meio que se diferencia da televisão, por exemplo, porque no escurinho das salas de reprodução o sujeito desencadeia outros processos mentais de reflexão que impulsionam, sobremaneira, o imaginário, o que nos coloca diante de uma experiência estética ímpar. Não é a toa que o Woody Allen faz a obra prima da Rosa do Cairo ou de Meia Noite em Paris... O imaginário do cinema não é apenas o imagético das telas, como na televisão, que o sujeito se ausenta do enredo e consegue distância para ressignificá-lo e resistir. O cinema é mais... Os tempos áureos de Hollyhood formaram mentalmente, emocionalmente e psicologicamente várias gerações. Há teóricos que atribuem aos filmes a formação das personalidades ocidentais e estabelecem uma relação do imaginário, psicanalítico, com as abordagens cinematográficas nas épocas. Enfim, cinema é tudo!

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