Todos nós conhecemos a história de Romeu e Julieta: famílias rivais, o tradicional amor proibido e o trágico desfecho que envolve o casal. Mas, o que acontece quando uma das Tragédias Shakespearianas mais famosas se desenrola em um cenário punk-rock Inglês dos anos 70?
Em 1977 os Sex Pistols recebiam o mais novo integrante do futuro punk da Inglaterra, o baixista Sid Vicious. Sua postura auto-destrutiva, tanto nos palcos quanto na vida pessoal, casou perfeitamente bem com todo o clima de revolta que a banda abordava em suas músicas, trazendo rapidamente um sentimento de inquietação na juventude inglesa. Em pouco tempo já eram muito conhecidos, foram responsáveis pelo primeiro palavrão televisionado no Reino Unido e ainda tiveram a música “God Save The Queen” censurada com uma tarja preta ao ser citada pelos jornais como “um estímulo à baderna e uma afronta à figura da Rainha”.
Por mais que estivesse lotada de metáforas contra o sistema e autoridades da época, The Sex Pistols não tiveram uma carreira muito duradoura. Por fim, consumidos pelas inúmeras brigas internas e as constantes internações de Sid, The Sex Pistols dá adeus ao cenário musical, deixando para trás os abalos causados por suas músicas às bases da sociedade Inglesa.
Sid Vicious ainda tentou lançar-se em carreira solo – fadada ao fracasso – contando com o apoio de sua namorada, Nancy Spungen. Os dois viviam claramente a velha teoria consagrada do “sexo, drogas e rock n’ roll”, acreditando que “viver” seria, ao mesmo tempo, estar entre a vida e a morte, onde no fim só importava viver loucamente e morrer jovem.
Nancy tinha má fama: Viciada em drogas, corriam pelas más línguas que ainda trabalhava como prostituta. Ninguém gostava dela, uma encrenqueira nata. Já Sid, ainda abalado com o fim dos Sex Pistols, carregava em suas costas a fama de bad-boy-punk do subúrbio inglês, também viciado e igualmente encrenqueiro. E foi exatamente com essas duas pessoas nada comuns que nasceu, por assim dizer, uma das histórias de amor mais puras de todos os tempos: Sid & Nancy, o Romeu e a Julieta do Rock.
Por mais que brigassem muito, era inegável o sentimento que um tinha pelo outro. Durante a ruína de Sid, Nancy foi a única a ficar de seu lado, embora sua ajuda sempre fosse com ações como trazer mais heroína ou bebida. Amavam-se, de uma forma destrutiva, mas amavam.
Porém, como uma boa história de amor – principalmente àquelas com um quê Shakespeariano – sempre há um fim trágico. No dia 13 de Outubro, Nancy foi encontrada no quarto nº100 de um Hotel morta a facadas. Sid foi culpado, indo para a cadeia, onde escreveu inúmeros poemas para a única pessoa que verdadeiramente amou na vida.
Existem versões e mais versões sobre o que aconteceu naquela noite. Em uma delas, Sid estava alterado pelas drogas e acertou Nancy com um canivete que ela mesma havia lhe dado. Em outra, Nancy teria sido esfaqueada por um traficante por causa de um suposto dinheiro desaparecido. Já a última versão, Nancy e Sid teriam feito um pacto de morte.
Alguns dizem que eles eram adeptos do “se eu morrer, você morreria junto?” e, por isso, sem mais nenhuma perspectiva de vida, teriam acertado que Sid, controlado por uma enorme quantidade de drogas, mataria Nancy e, logo em seguida, seria domado pela Overdose no maior estilo William Shakespeare. No fim, somente Nancy morreu e o grande Sid Vicious foi parar na prisão.
Ao sair da cadeia, Sid ainda tentou recomeçar a vida, desintoxicar-se e encontrar um outro amor. Mas a verdade é que Nancy Spungen era única em sua vida e, sem agüentar o peso de viver sem ela, Sid ingeriu uma quantidade absurda de heroína, morrendo logo em seguida ao banheiro de sua casa.
O amor desses dois é visto até hoje como um dos mais puros no cenário musical, dando brecha para que fosse produzido o filme Sid & Nancy – O Amor Mata.
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