quinta-feira, 23 de junho de 2011

A educação na era da cultura digital


No momento em que vivemos a cultura digital vem tomando cada vez mais espaço na sociedade globalizada. O desenvolvimento tecnológico acelerado só intensificou o processo. Se a Globalização iniciada ainda no período das grandes viagens marítimas europeias do século XV já fez com que mundos distintos se encontrassem, hoje é mais fácil verificar esses encontros inusitados. Não é nada incomum, por exemplo, encontrar uma criança indiana que conversa diariamente com um jovem dos Estados Unidos por meio de serviços de mensagens instantâneas, por exemplo. Isso, no entanto, levou a novos desafios, que a educação básica, tal como a que conhecemos hoje, não é capaz de resolver essa questão, justamente por isso, continua a ser trabalhada com avidez pelos teóricos da educação e, também, da comunicação.

De acordo com Castells, vivemos no período da chamada “sociedade em rede”, na qual a onipresença dos aparatos tecnológicos de informação e comunicação encurtou ainda mais as distâncias entre os pequenos mundos da nossa aldeia global e as disparidades entre os mais diferentes grupos culturais, classes sociais ou profissionais, por exemplo.

Um dos grandes problemas, no entanto, é a falta de acesso. Enquanto em determinados países, como a Islândia, já se usa uma rede social como o Facebook para se reescrever a Constituição, no Brasil, o acesso de metade dos utilizadores da Internet se dá apenas temporariamente por meio das lan houses, que estão bastante concentradas nos centros urbanos. Já em outros países como a Zâmbia, a situação é ainda mais precária, já que apenas uma pequena parcela da sociedade consegue ter acesso à tão famosa rede mundial de computadores.

Sendo assim, um dos principais objetivos para levar à consolidação da justiça social e do amplo acesso à Internet, é lutar por políticas sociais de inclusão que levem os menos favorecidos a terem mais chances de acesso, do mesmo modo, que aqueles que possuem renda mais elevada, tal como o governo Lula fez a partir de 2003, lutando pela implantação das chamadas “lan houses comunitárias”, que nada cobram de seus frequentadores além de um rápido cadastro no sistema geral.

Ainda no contexto da sociedade em rede que vivemos a produção de conteúdos pelos mais diversos pontos de vista passam a ser cada vez mais valorizada. A facilidade de produção também contribui bastante para isso, uma vez que o desenvolvimento dos computadores pessoais pela IBM na década de 1980, e a sua popularização crescente, a partir daí, realmente tornaram qualquer ser humano com uma dessas máquinas capaz de produzir conhecimento e, posteriormente, divulgá-lo através da Internet, que passou a ser comercial a partir dos anos 1990, depois de mais de uma década restrita aos círculos militares e acadêmicos de alguns poucos países desenvolvidos.

Outro ponto a ser considerado é o uso do computador na educação. Atualmente, no Brasil, ainda restrito a poucas escolas com a infraestrutura adequada à implantação dos laboratórios de informática. Sua expansão geraria um maior interesse pelo uso da ferramenta e de seus aplicativos, e ainda garantiria um melhor aprendizado, sendo este conectado às inovações tecnológicas.

Para isso, é necessário investir na qualificação dos professores e monitores das escolas públicas que abrigarão os laboratórios. Caso contrário, as máquinas apenas servirão como entulho tecnológico, sem servir aos seus devidos fins, da mesma forma que aconteceu com a implantação, por exemplo, do já obsoleto telégrafo. Apenas os qualificados conseguiam usá-lo, enquanto os demais apenas podiam enviar mensagens com a ajuda do telegrafista. Com o computador não é tão diferente, a diferença é que, agora, ele deve estar disponível para TODOS, e TODOS devem aprender a utilizá-lo da melhor maneira possível.

Baseado no texto “Cultura Digital e Educação: redes já!” de Nelson de Luca Pretto e Alessandra Assis, disponível no livro Cultura Digital.

Por Antônio, Rafaela, Edynardo, Laura, Alexandre, Joabson Bruno e Giovana.

Um comentário:

  1. Gente, não havia visto este post. Mas o viés da inclusão e da necessidade da Banda Larga para todos é a discussão central sobre a internet. Já sabemos que é impossível desarticular os vínculos da educação com a cultura digital. E em um país desigual como o nosso cabe ao governo incentivar a distribuição da BL, como planejou o governo Lula nos últimos 7 anos, para atender ao contingente da população que não pode pagar os serviços cada vez mais caros e inoperantes das teles. Em um artigo de hoje, o articulista Élio Gaspari escreve sobre o Gol de Placa do gov. Dilma que, ao ameaçar as teles com a abertura do mercado para multinacionais e com a ativação da Telebrás, conseguiu um acordo. O serviço, com 1 megabite de velocidade, custará R$ 35 por mês, ou R$ 29, caso os governos estaduais abram mão da cobrança do ICMS e até 2014 todos os municípios brasileiros estarão cobertos com esse serviço. Vale a pena acompanhar o noticiário e mensurar a importância da BL para a discussão sobre conteúdos digitais, apropriação e veiculação de informações na sociedade contemporanêa.

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