domingo, 20 de novembro de 2011

A polêmica dos transgênicos: amigos ou inimigos?

Em meio ao Ano Internacional da Química, é a engenharia genética que volta a suscitar calorosas discussões, especialmente após o ressurgimento da polêmica recorrente que gira em torno da problemática dos produtos transgênicos.

Os transgênicos dos quais tanto se fala são, basicamente, organismos alterados por meio de técnicas de manipulação genética. Sua aplicação mais discutida se refere ao seu uso em alimentos. Enquanto muitos agricultores defendem o uso de plantas transgênicas, pelo fato de serem mais resistentes a pragas e por, supostamente, renderem uma produtividade maior. Em contraponto, muitos atacam o uso de organismos alterados, pelo fato de não existirem estudos mais aprofundados a respeito da alimentação com transgênicos a longo prazo.

É em meio a esse clima de insatisfação que surgiu, na UFRN, o movimento Sustentabilidade: Por um Mundo Livre de Transgênicos. Capitaneado pela professora Sônia Soares, o grupo participou ativamente da CIENTEC 2011, com o objetivo de conscientizar os visitantes da feira a respeito desta importante questão.

A professora Sônia Soares mostrou-se terminantemente contra a adoção da agricultura transgênica em território brasileiro. Fundadora do movimento, ela alegou que o criou por iniciativa própria para defender seu ponto de vista. De acordo com suas informações, “mais de metade da população brasileira jamais ouviu falar em transgênicos”. O fato de não existir nenhuma campanha do gênero também fez com que a professora tivesse mais vontade de seguir adiante com o seu grupo.

Atrelando uma questão à outra, a professora aproveitou a oportunidade para destacar a falta de espaço que a grande mídia dá ao assunto: “A gente não tem debate porque não há interesse da grande mídia! Nosso objetivo é disseminar isso, e mostrar que há forma de participar de tudo que está acontecendo”.

Já ao falar sobre os riscos da alimentação com produtos transgênicos, a professora foi incisiva. “A gente já tem estudos mostrando que alimentos transgênicos produzem tumores em ratos de laboratório”, declarou, falando logo em seguida sobre questões importantes com o rotulamento de produtos geneticamente alterados, por ela defendido, e também sobre riscos mais imediatos do consumo destes produtos, como de alergias.

Para finalizar, Sônia ressaltou que a sociedade não pode ficar de fora dessa discussão, e que muito do que se propaga sobre o uso de transgênicos na agricultura nem sempre é verdade, citando como exemplo o fato de a lavoura transgênica usar mais agrotóxicos que a comum, e que isso só é um negócio para as grandes corporações, que ganham royalties dos agricultores que passam a plantar as suas sementes modificadas. Como medida mais imediata, ela recomendou afirmou que “o consumidor precisa questionar se o produto é ou não transgênico no SAC”, até mesmo para já ir criando uma consciência coletiva nas empresas contra o uso dos produtos.

Na CIENTEC 2011

Na XVII Semana de Ciência, Tecnologia e Cultura, mais conhecida como CIENTEC, o maior evento ligado ao tema foi a exibição do filme O Futuro da Alimentação, por iniciativa da própria Prof. Sandra Soares. Também para aproveitar a movimentada feira, a professora convidou seus alunos a se envolverem no evento para propagar o seu grupo de trabalho e divulgar o seu ponto de vista sobre segurança alimentar.

Um dos alunos de sua equipe neste ano foi Wisley Garcia, de 19 anos, que é aluno do curso de Nutrição da UFRN. Indagado a respeito da sua motivação para participar do movimento, ele respondeu que seu principal objetivo era, de fato, conscientizar a população. “Entregar panfletos já é um pontapé inicial para a conscientização”, respondeu logo na sequência, ao ser perguntado sobre as iniciativas que estavam sendo levadas a cabo para divulgar o seu projeto. Ao final, fez questão de propagar a forma de ingressar na equipe de trabalho da professora: “Qualquer aluno da UFRN pode aderir ao projeto de extensão no SIGAA, basta ter conhecimento prévio”.

Ainda na feira universitária, foi entrevistada a assistente social Brunilla Melo, de 24 anos. Questionada a respeito da importância da conscientização, ela declarou que “as pessoas ainda não têm muito conhecimento” e que “qualquer campanha é bem-vinda, por isso”. Apesar de já saber o que são os transgênicos, ela ainda afirmou que falta informação nos veículos de maior destaque, como a televisão, a respeito do tema, e que campanhas publicitárias também fazem falta.

por Antônio Netto, Francisco Rocha, Nathalia Aires e Valéria Inácio

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