Domingo, 20 de novembro de 2011, o América-RN enfrentou o Paysandu em jogo decisivo, o vencedor teria o acesso à série B garantido. Com o placar de 2x1 o clube potiguar conseguiu voltar para a segunda divisão do campeonato brasileiro de futebol. Esquecendo a euforia, podemos nos atentar a um fato maior: seria o alvirrubro capaz de montar um planejamento consistente e lucrativo para a nova empreitada? E mais, será que desta vez os clubes regionais teriam elenco para a longa disputa do titulo em 2012? Se não, o que é necessário para atingir estas metas?
Segundo Edmo Sinedino, jornalista potiguar, “é preciso investir nas bases, e ter coragem para colocar os mais jovens para jogar, e isso demora a acontecer. No dia que essa ‘mescla’ ocorrer, acho que passo a acreditar mais nos bons resultados. Dependemos também das contratações, dos acertos, dos investimentos e da frieza dos dirigentes na hora de montar a equipe”.
Por sua enorme extensão, o Brasil ainda apresenta clubes em grandes dificuldades econômicas, que sofrem com a falta de investimentos, de torcedores, e principalmente, com os obstáculos encontrados na formação de times competitivos. Nossa equipe entrevistou, com exclusividade, Orlando Caldas, o Orlandinho, presidente do Alecrim Futebol Clube. O alviverde, após grande campanha no estadual, chegando a disputar a série C em 2009, caiu e voltou aos velhos problemas.
“Quando estávamos na série C, os patrocinadores vinham atrás de nós, hoje, com o rebaixamento, temos que ir em busca. Atualmente, temos como principal fonte de renda a negociação de jogadores. Por outro lado, na visão da sociedade potiguar, somos considerados ‘o segundo time de todos’, relata o presidente.
“Hoje, estamos na expectativa de firmar uma parceria com um empresário. Ele nos procurou com ideias futuras, planejando a construção de um Centro de Treinamento (CT), em um terreno na Zona Norte de Natal. O que facilitaria novos investimentos nas categorias de base. Com isso, acredito que possamos nos reestruturar e oferecer mais oportunidades ao nosso, ainda, pequeno quadro de sócios”, conta Orlandinho.
No regional, temos o ABC, com a campanha Programa Sócio Mais Querido, que conta com 10 mil filiados. Ainda bem distantes de clubes como o Internacional, que possuem um quadro de sócios com 106 mil torcedores. Porém, este é o caminho a seguir, trazendo o torcedor para dentro do clube, criando receitas para bancar salários e custos operacionais, deixando patrocínios e cotas de televisão para investimentos mais altos, como compra de jogadores.
Os torcedores de 10 a 50 anos, depois dos patrocínios, são os maiores financiadores de um clube, são eles quem mais frequentam estádios, gastam em compra de camisetas e artigos relacionados à entidade, e consequentemente, tornam-se sócios. Por isto, a importância deles dentro do quadro social do clube deve ser sempre lembrada. Não que os mais velhos não tenham importância econômica, longe disto, mas com o avanço da idade, tende-se a existir uma transformação do modo de torcer, passando do estádio para a comodidade da sua casa, com o conforto e a presença da família.
Porém, como todo projeto, o sócio-torcedor também apresenta seu lado negativo. Quanto maior for o número de associados de um clube, maior é a tendência de elitização dos torcedores, deixando de lado um pouco as camadas mais pobres da torcida, tendo em vista que, cada clube utiliza um estádio com uma capacidade limitada. O que acabará ocorrendo é o domínio total dos lugares por parte dos sócios. Um exemplo recente é a final da Copa Sul-Americana, em 2009, onde o Internacional lotou o estádio Beira-Rio apenas com seus sócio-torcedores.
O futebol, assim como o mundo atual, vem aderindo à globalização desde o começo do século, e a tendência realmente é esta, tornar o clube de futebol uma empresa privada, que visa o lucro e, para tanto, títulos e bom futebol. O marketing e as milionárias campanhas de publicidade estão cada vez mais em pauta dentro das diretorias dos grandes clubes, até mesmo os jogadores estão nessa. Atletas como Neymar, Messi, Cristiano Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho faturam milhões a cada jogada, valores, muitas vezes, superiores aos seus próprios altos salários.
Por Fernando Machado, Edmo Nathan, Jomar Frederico, Nalã Ewert, Miguel Medeiros, Gabriela Serejo e Lara Paiva
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